
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
Galeria Monica de Cardenas , Milão – Itália, 2018
LINDA FREGNI NAGLER, JOCHEN LEMPERT, JOHAN ÖSTERHOLM, BARBARA PROBST, LETICIA RAMOS, ALESSANDRA SPRANZI, JOHN STEZAKER
17 de Maio a 27 de Julho 2018
A exposição sugere uma ideia da fotografia como formação do olhar. Apresenta artistas que vivenciam mudanças históricas na forma de perceber o espaço e o tempo, as imagens e sua multiplicação e difusão. Traça um discurso sobre o potencial da fotografia como instrumento de conhecimento que devolve ao olhar algo que talvez esteja perdendo, por acumulação ou cegueira cultural: a capacidade de ver e sentir as relações mútuas entre as imagens.
O desejo de retornar aos elementos básicos da fotografia - luz e tempo - de reativar técnicas e procedimentos obsoletos, de voltar ao milagre da fotografia analógica e da câmara escura, ou de insistir em usar sempre a mesma câmera, se confunde com uma atitude de reinterpretação de artefatos próprios dos primórdios da fotografia, ou de pesquisa e recolha de imagens já existentes - por outros, imagens anónimas ou humildes - encontradas onde ninguém mais olhava. Imagens, essas últimas, observadas e re-observadas, recortadas e refotografadas, ampliadas, ampliadas, agrupadas, sobrepostas, reorganizadas, possibilitando-lhes ainda revelar seu potencial semântico. Nas fotografias podemos reconhecer aquela mistura de arte e ciência, inspiração criativa e invenção tecnológica dos pioneiros, ou uma sofisticação tecnológica que avançou com as descobertas desses inventores. Obras que envolvem o espectador em um ato de cumplicidade, o obrigam a uma situação de intimidade.
“Nunca deixe fotos espalhadas por aí” - como o título da mostra cita o filme Ascenseur pour l’échafaud (
Ascensor para o Cadafalso
) de Louis Malle - porque você nunca sabe o que um artista pode fazer com elas.
(...)
Um retorno à experimentação que na prática de Letícia Ramos (Santo Antônio da Patrulha, 1976, residente em São Paulo) se alimenta do fascínio pelas imagens obtidas por gravura em uma superfície fotossensível. A artista brasileira apresenta uma nova série de fotogramas que reconstroem a imagem de uma escultura sobre papel fotográfico - parecendo uma homenagem, a partir do título, ao repertório de concretismo orgânico de sua cultura - em que a luz traz à tona a variedade de superfícies, zonas cheias e vazias, num jogo infinito de possibilidades visuais.