MICROFILME
2013-2014

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Como seria um lugar no futuro onde o homem não mais existe e, em que a naureza começa a voltar a sua forma original? Como seria este espaço transitório entre o vai e vem das águas e marés, sujeita a força dos ventos ?

Na era arqueozóica, a era geológica mais antiga, as águas oceânicas do Oeste se conectaram às do Leste cobrindo toda a região e chegando a tocar os confortos do Escudo do Rio Grande. Esta e a região costeira de Santa Catarina formaram um vasto arquipélago. Na era Paleozóica, as manifestações da vida ocorreram principalmente no Mar, com formas rudimentares de plantas e animais. É nesta mesma época que ocorreu o escoamento das águas na direção do Oeste. No início da era Mesozóica, a paisagem do restante do estado era dominada pelas areias triplas, formadas pelas águas. A costa e a parte ocidental ainda estavam cobertas pelas águas em declínio. Na era Cenozóica, um mar epiconnental, de pouca profundidade, cobriu a região central do estado, do Atlântico ao rio Uruguai e toda a campanha. A costa brasileira da foz do Amazonas estava submersa. Foi então que o planalto começou a subir e a regressão das águas, formando finalmente uma linha de costa que surge da acumulação sedimentar que cobre extensas áreas, assoreando as lagoas. A paisagem litorânea do extremo sul é criada pelo trabalho incansável de elementos geomorfológicos que atuam incessantemente.



Essa, história geológica, me impeliu emocionalmente, a imagem das águas e areias em movimento constante e lento transformando as  paisagens. Se, por um lado, o microfilme já havia sido testado, ainda era uma grande lacuna, pois imprimiria uma paisagem natural e só saberia quando voltasse para casa e revelasse o material. Polaroids, entretanto, mesmo com resultados imprevisíveis, podiam ser visualizados alguns minutos depois. Isso foi importante porque foi voltando para a base, com todas aquelas fotos secando, penduradas nas janelas de dentro do caminhão que eu me sentia um pescador, um colecionador, um arqueólogo. A presença física da fotografia em minha expedição teve papel fundamental na construção da história.

A viagem exploratória começou na praia de La Pedreira, no Uruguai, e estendida para a Solidão no RS. Dois pontos foram escolhidos para montar a Base, San Antonio - Uruguai - e Tavares - Rio Grande do Sul. Existe uma semelhança enorme entre estas duas paisagens da costa sul do mar. O mar aberto, a grande extensão de praia e as espécies de legumes comidas frequentemente pelas plantações de PINUS ELLIOTIS, a atual praga do litoral sul. Foi nesta paisagem, exótica pela enorme quantidade de pássaros e espelhos d'água, que minha história se implantou geograficamente, desde o dia em que Rio Grande voltaria a ser mar. A história é contada através do olhar de um personagem solto no tempo que recebe imagens por meio de equipamentos alimentados por ondas de rádio. Essas "visões" são um tanto paranormais. Este personagem solitário e seu teremin deu o tom para esta paisagem perdida no tempo.








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