Filme interativo, 8’, 5.1 som
2020
Em uma estação climática na Antártica, uma cientista e um robô dialogam através dos tempos. A ciência, em Null Island, é pano de fundo para uma história que fala de isolamento e solidão. Acompanhamos a percepção da cientista de um estranho fenômeno que se apresenta na paisagem polar: uma esfera metálica que não pode ser captada por câmeras, apenas por olhos orgânicos de humanos e animais. O robô não detecta a esfera, e esse desentendimento sobre o que está sendo visto desencadeia conversas mais subjetivas entre cientista e robô, que passam a dialogar sobre questões existenciais.
Para construir Null Island, Leticia Ramos utilizou imagens apropriadas de webcams do Dark Sector da Estação Polo Sul Amundsen-Scott, na Antártica. Lá, as câmeras ao vivo fornecem uma fotografia a cada 90 segundos - Leticia Ramos passou meses capturando essas imagens para depois as compilar em animações, utilizando a técnica do stop motion. Os fenômenos naturais que ocorreram na paisagem foram condensados: são horas de filmagem que se transformam em segundos no trabalho. Esses fenómenos naturais, por serem dilatados no tempo, seriam impossíveis de serem percebidos pelo olho humano - o movimento só se revela na sucessão de horas de frames. Null Island também contém filmagens feitas por Letícia na Antártica, retiradas de seu próprio arquivo. O trabalho também contém imagens produzidas pela artista durante a quarentena em São Paulo, em seu estúdio, construídas em maquetes.
A temporalidade do trabalho é fluida, atravessada por um vai-e-vem, mas sempre com o futuro em vista. Por vezes, é marcada pelo tempo presente dos espectadores, como a aparição de um sismógrafo em tempo real que nos conta sobre o “estado da terra” em que estamos habitando. O presente e o passado são construídos pela narrativa já em função de um futuro hipotético, que depende das escolhas do espectador.
aarea
2020