Imagens capturadas durante um dia, no Largo de Pinheiros, na cidade de São Paulo, com três câmeras lomográficas – máquinas russas simples e que operam com filme, produzindo imagens muito particulares, com certas distorções. Assim, surge um movimento estranho, um tempo que não é o convencional, que registra a vida da megalópole e nos oferece imagens que evocam outros tempos. Como nos cronópios que dão título à obra, que citam aqueles criados pelo escritor Julio Cortázar, conjunção de registros sem muita definição, mas que nos contam algo. Letícia Ramos produz sua videoinstalação fazendo da imagem o resultado de um processo todo demonstrado, na presença das máquinas que captam e editam a imagem. Nas projeções, a sobreposição propõe outros ângulos, outros registros do conhecido. Efemeridade documentada. Ao mesmo tempo fora e dentro do tempo.

Marília Panitz
2009