BITÁCORA
2011-2012

Veja o  blog do projeto e o vimeo.

Desenhado em 2011 no âmbito do Prêmio Marc Ferrez de criação fotográfica, o projeto Bitácora estuda a escala da força do vento desenvolvida pelo almirante britânico Francis Beaufort, e suas peculiares descrições visuais do efeito do vento na terra e no mar. Foi construída uma câmera específica para a realização de filmes baseada na pesquisa do primeiro submarino de madeira, nas primeiras explorações polares e na tecnologia Polaroid.

A partir dessa experiência multidisciplinar foi publicado o livro “Cuaderno de Bitácora” que combina arte, história, ciência e ficção, e fala sobre a criação da câmera de baixa tecnologia que estava a bordo da expedição ao Pólo Norte.



A viagem de veleiro ao norte do Ártico começou em outubro do mesmo ano e, durante os 20 dias de residência artística a bordo, a artista registrou amostras da paisagem, coletou dados atmosféricos e fez anotações poéticas e científicas sobre a paisagem.

Essa expedição de pesquisa resultou em uma nova série de trabalhos (fotografia, desenho, objeto e filme) que, juntos, propõem uma espécie de “romance geográfico” da região ártica. O projeto foi apresentado em forma de exposição na galeria Mendes Wood - SP.

Os originais da Polaroid também foram exibidos no Programa de Fotografia do Centro Cultural São Paulo. O projeto também recebeu o Prêmio Brasil de Fotografia - 2012 na categoria Pesquisa Contemporânea.

Making off:



CUADERNO DE BITÁCORA

Livro resultante da pesquisa fotográfica da artista plástica Letícia Ramos realizada pelo Prêmio Marc Ferrez de criação fotográfica.Clique aqui.


RESIDÊNCIA BITÁCORA

Veja mais da residência aqui

BITÁCORA 


Bitácora de Letícia Ramos conjuga a sua produção dos últimos dois anos em múltiplas relações com a aventura de imaginação, o romance geográfico e a ficção científica; repleta de sentido, estão presentes o seu caderno dos cadernos e a circunavegação do Círculo Polar Ártico, posto juntos aqui para essa  exposição individual.

A mostra apresenta três escalas de trabalho: Polaroids, ampliações (quase pintura) e artefatos (estudos do vento-carta barométrica no barco da expedição, cadernos, resquícios e provas do field trip) e videos.

Sob a interferência sobrenatural das baixas luzes do norte, altas frequências de azuis e verdes das paisagens fizeram com que suas câmeras se inclinassem espontaneamente a captura de efeitos da fotografia de sci-fi Super-8. A figura do explorador que não aparece jamais, apenas vai lançando ao visitante as impressões de seus vestígios imagéticos. Estabelecendo contato entre as descrições da natureza praticadas pelo Capitão Hátteras de Jules Verne em sua viagem ao Polo Norte, desponta pela coleção dessas paragens a sensação de um recomeço para o mundo.

O que é avistado ao longe são relíquias e testemunhos materiais emparedados entre o passado e o futuro, uma fuga do previsível branco polar- as cores das precipitações atmosféricas do Ártico. Pode-se compreender o princípio de tal distorção cromática ao se observar de perto as reações químicas do vento causadas pelas diferenças de pressão alta/baixa e das massas de ar brancas quentes e frias das nuvens (vapor d’água).

Para essa exposição a artista trabalhou com escalas de repetição em blocos, entre pequenos e grandes movimentos, parecem diversos mas estão circunscritos aos mesmos átimos de segundo dos frames. Idealmente parece que Letícia Ramos busca uma síntese impossível de ser trabalhada, a de ter somente uma cena, como se tentasse fundar um lugar novo através de uma única imagem, e assim descobrir a origem orgânica-etimológica de um novo continente imaginado, o seu tempo histórico, o avanço,

O marco da pedra,
O domínio da pedra,
A imagem da pedra,
O mapa que é uma pedra.

Em Bitácora, acima de tudo, sim é dada a confiança para realmente se acreditar nas imagens que são mostradas a partir da construção dos próprios aparatos óticos (e não ou talvez como se montam em todos os lugares imagens para serem mostradas.

Marcio Harum
2012




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